domingo, 10 de junho de 2012

Entrevista Completa De Kristen Para A Vanity Fair!


Confiram:
twilight saga, crep�sculo,robert pattinson,promo��o,designNão há gente louca desse tipo o suficiente hoje em dia. Não nas telas, nos palcos, nas páginas, ou nas paredes das galerias. Ao invés disso, assista a ajoelhamento para a fama, dinheiro e poder, a capitulação para o status. É tão raro testemunharmos um jovem artista, cantor ou ator que quer queimar, queimar, queimar, criar um novo caminho que vai inspirar as futuras gerações, mas que está disposto a sofrer o que vem com dizer não às coisas como elas são.
Mas esse não é um choro pelos bons e velhos dias; não havia tal coisa de qualquer forma. Essa é uma chamada para se lembrar do que importa. Felizmente, toda nova geração tem um alguns poucos deslocados que juraram sua própria declaração de independência. Uma delas é Kristen Stewart, a atriz de 22 anos que é mais conhecida entre dezenas de milhões de fãs como Bella Swan, a heroína da série Crepúsculo. Mas Stewart vai se afundar ainda mais na consciência do público em 2012, quando ela aparece em três filmes, começando com A Branca de Neve e o Caçador, desse mês (a segunda tomada desse ano de Hollywood do velho conto de fadas) e continuando com uma adaptação da bíblia hipster On the Road. No topo de todos eles, pelo menos nas bilheterias, estará o grand finale de Twilight nesse Novembro, Amanhecer – Parte 2.
No caminho, Stewart conseguiu uma má reputação por fazer das vidas dos apresentadores de talk shows, fotógrafos de red-carpets e repórteres um inferno, porque ela não consegue, ou não costuma, jogar o usual jogo de estrela de cinema. “Kristen não sabe como estar em um concurso de popularidade,” disse Sean Penn, que em 2006 dirigiu a então atriz de 16 anos em Into the Wild. Penn não tem nada além de elogios para Kristen, cuja breve atuação em seu filme foi inesquecível; ele compara trabalhar com ela a ter um dia perfeito — céu azul, oceado azul — entra pela porta. E quando chegou a hora de fazer propaganda do seu bravo e lindo filme — uma adaptação de quebrar o coração do livro de Jon Krakauer de mesmo título, sobre um jovem homem à procura de uma alternativa para o comércio e a corrupção da vida moderna — Stewart fez seu melhor para mobilizar e promover o filme. Mas como Penn explica, “Você pode ver Stewart generosamente tentando se juntar ao concurso de popularidade quando um filme está sendo divulgado. Ela vai tentar entrar à bordo, mas sua linguagem corporal tem uma dinâmica completamente diferente.” Em outras palavras, ela não pretende conquistar o premio da Vendedora do Ano em nenhum momento em breve.
Stewart certamente não é a primeira artista a ter problemas com o que vem com o sucesso de Hollywood, mas ela é definitivamente jovem super estrela menos temerosa de ser tão abertamente crítica à respeito do sistema. Desde que foi para o cinema, sempre houve uma pressão para estrelas de filmes projetarem a imagem certa, especialmente as mulheres, mas as demandas ficaram muito mais intensas nos últimos 25 anos, ao ponto de ficar bem em premieres e shows de prêmios tem se tornado quase um trabalho de período integral, com os artistas sendo normalmente meros manequins para disposição de produto. E infelizmente, os atores e músicos normalmente se dão bem com isso, contra seus próprios instintos, pelo medo da retribuição da mídia, como acabar aterrizando em uma lista dos mais mal vestidos. Deus proíba. Não Stewart, que tem se acostumado com a sua reputação como uma rabugenta, tanto que até ri. Ela diz, “Meu pai diria tipo, ‘Oh, você poderia ter sorrido um pouco mais.’”
Até isso pode não ajudar. “As pessoas decidiram como eles vão vê-la,” diz Robert Pattinson. Seu Romeo de lábios vermelhos dos filmes de Crepúsculo. “Não importa quantas vezes ela sorria, eles vão colocar uma foto em que ela não esteja sorrindo.” É verdade, entretanto, que apesar dos seus looks encantadores, ela não é um raio de sol no tapete vermelho. Pense em trovoadas, raios. “Eu tenho sido bem criticada por não parecer perfeita em cada foto,” Kristen Stewart conta. “Eu recebo muita merda sobre isso. Não tenho vergonha. Estou orgulhosa. Se eu tirasse fotos perfeitas o tempo todo as pessoas na sala comigo, ou no tapete vermelho, pensaria “Que falsa!” Esse pensamento me envergonha tanto que eu pareço horrível em metade das minhas fotos, e eu não me importo em nada. O que importa pra mim é que as pessoas na sala vão embora e digam, “Ela era legal. Ela se divertiu. Ela foi honesta.” Eu não me importo sobre os vorazes e famintos frouxos que querem transformar tudo em merda. Não que você possa falar isso na Vanity Fair!”
Por toda essa dificuldade nos red carpets e photoshoots, ela aprendeu a amar a ótima moda. — “Eu nunca vi isso chegando,” diz Pattinson — especialmente quando o design representa verdadeira expressão criativa ou é, nos termos dela, “umas coisas legais.” Se ela veste isso, você pode saber que ela ama isso. Então eu não fiquei surpreso quando ouvi que ela tinha se tornado o rosto da nova fragrância da Balenciaga. De fato, nós nos sentamos para conversar sobre esse artigo rapidamente depois de nos encontramos no desfile de Outono de 2012 da Balenciaga, no último mês de Março, em Paris. (Nós nos encontramos pela primeira vez em 2006).
Uma cesta de pães e um prato de escargot foram colocados em uma mesa de canto nos fundos do Le Duc, o restaurante onde eu e Stewart nos encontramos para uma conversa no horário do almoço. Eu escolhi o lugar, uma instituição Parisiense com o peixe mais fresco da cidade, porque eu pensei que a clientela seria muito metida e de idade avançada para saber ou se importar que Bella Swan estivesse entre eles. Mas nenhum de nós estava esperando uma oferta de escargot pelo garçom,  e nenhuma de nós, como aconteceu, era muito fã. Stewart me deu um olhar de: “Você primeiro.” E eu confessei. “Eu estou um pouco assutada. Você?” Ela se erguei pela ocasião. “Eu sinto como se tivesse que ir nisso. Eu me sentiria rude não indo,” ela disse. Ela estava usando jeans, uma blusa preta e uma uma deslumbrante jaqueta de couro preta da Balenciaga, mas eu diria que era mais a Lady Sybil de Downtown Abbey em frente a mim, as maneiras eram tão graciosas. Um longo gole de vinho branco, uma faria de pão, e la se foi o primeiro escargot.
E por fim. “Muito bom,” ela declarou. “Ainda que eu simplesmente não queira comer um prato inteiro disso.” Eu ri. Durante as nossas conversas para esse artigo, houve algo tão cativante, tão humano, sobre a sua combinação de vanglória, delicadeza, auto-preservação, aut0-afirmação e bravura que eu a achei animadora. É claro, seu idealismo e condução para contar isso como ela vê poderia ser simplesmente um produto da sua juventude. Ela cresceu para ser outro ronco narcisista de Hollywood, mas meus sentidos é que isso não está nas cartas aqui.
Podem pensar que Stewart ficaria para baixo com as orientações do ramo do entretenimento, já que ela é um produto crescido em Hollywood. Sua mãe, Jules Man-Stewart é uma respeitada supervisora de scripts que acabou de dirigir o seu primeiro filme, sobre políticas sexuais e prisão. O pai de Kristen, John Stewart, também está no ramo, tendo trabalhado como produtor e diretor de palco em especiais de TV e reality shows. Seu irmão, Cameron, é um apoio — um técnico de iluminação e equipamentos. Stewart, crescendo em San Fernando Valley, aprendeu a lidar com a vida de TV e filmes cedo, e tão cedo, foi picada por esse inseto também. Sua mãe obediente a colocou em audições mas não foi entusiasmante. “Eu trabalho com essas crianças — são pessoas doidas. Você não é um deles. Eu não estava fazendo nada além de sorrir para a câmera,” ela se lembra de tentar para comerciais quando ela tinha oito anos. “Você pode sentir que os adultos não estão conseguindo o que eles querem, não importa a idade que você tenha.”
Stewart, que evitavaroupas muito femininas, não se encaixava muito nas agências de casting — ou em nenhum lugar, por sinal. Finalmente, sua perseverança e comportamento verdadeiro consigo mesma valeram à pena; em 2001, quando tinha nove anos, ela conseguiu um papel ao estilo ‘tomboy’ no filme de Rose Troche, The Safety Objetcs. Ela adorou ser parte de algo maior do que ela mesma, e saboreou ser ouvida. Alguns outros papéis vieram em seguida em projetos que falharam em ter muita audiência. Então veio a ruptura maior: Quarto do Pânico de David Fincher, lançado em 2012, no qual Stewart, com 11 anos, teve um papel principal, ao lado de Jodie Foster.
Fincher juntando Foster e Stewart, como mãe e filhas que são alvos de um assalto aterrorizante na sua nova casa chique de Manhattan, foi incomum. Elas nasceram para dividir a tela — complementando uma a outra fisicamente e temperamentalmente. Foster se lembra, “Stewart era incrivelmente madura em algumas formas, e pé no chão e muito calma sob pressão. Ela era uma ouvinte incrível, mas então ela diria algo tão como uma criança que você parava e pensava, ‘Tá certo, ela tem só 11 anos.” Foster, que sabe uma coisa ou duas à respeito de ser uma criança estrela, se lembra de uma conversa que ela teve com a mãe de Stewart. “Ela não era nem um pouco superprotetora. Ela queria que o filme fosse a coisa da Kristen, mas queria ter certeza que ela estava sendo bem cuidada, e não sobrecarregada. Uma dia ela veio ao set para o almoço, o que eu acho que é muito esperto. Eu disse, ‘Kristen não quer ser atriz, certo?’ ‘Eu temo que ela queira,’ ela falou aliviada e continuou, ‘acredite, eu adoraria falar com ela para ficar fora disso, mas parece que ela gosta muito e está bem focada. E parece que ela quer fazer pelas razões certas.’” Enquanto Foster diz, “Kristen não tem a personalidade tradicional de uma atriz. Ela não quer dançar em uma mesa para a avó e acender um abajur. Ela não quer fazer vozes e ser o centro das atenções. Se for, ela vai ficar desconfortável com isso. Ela aborda as coisas de uma forma muito analítica. Ela é consciente.”
Toda essa consciência e independência causaram alguns anos difíceis na escola; aos 14 anos, Stewart oficialmente saiu do colégio e assinou para aulas em casa. “Eu odiava tanto a escola,” ela disse dando de ombros. “Olhe uma foto minha antes dos meus 15 anos. Eu sou um garoto. Eu vestia as roupas dos meus irmãos, cara! Mas não é como se eu não me importasse que eles me zoassem. Isso realmente me incomodava. Eu me lembro dessa garota na sexta série que olhou para mim e falou tipo, ‘Oh meu Deus! Isso é nojento — você não raspa as pernas!”
Só em caso de ter alguém restante na Terra que não assistiu os filmes que fizeram Kristen famosa, um breve recapitulação de Crepúsculo: Bella é a garota nova na cidade, com um olho para amigos e coração já pronto para ser entregue: Edward Cullen, interpretado por Robert Pattinson, é o bonitão topetudo do colegial que por sinal, é um vampiro; Jacob Black, interpretado por Taylor Lautner, é a terceira ponta musculosa e frequentemente sem camisa desse triângulo amoroso, que também, em ocasiões, se transforma em um lobo. Com esse elenco, o fato de chiliques está fora dos gráficos, mas isso é algo deliciosamente bobo à respeito da série, também, especialmente a tensão altamente sexual. Mas ultimamente o poder da narrativa, através dos cinco filmes traçados à partir dos quatro livros de Stephenie Meyer, é como percebemos nossa necessidade de nos ligarmos com os outros; nós humanos somos criaturas tribais, mesmo quando sugamos sangue. Foi Sean Penn quem sugeriu à Catherine Hardwicke, a diretora do primeiro filme de Crepúsculo, que ela desse a Stewart uma chance. O diretor assinou embaixo porque ele acreditava na habilidade de Stewart de encorporar os sentimentos de desejo que guiam o livro original. Houveram alguns poucos atores ainda na corrida para o papel de Edward, e Hardwicke foi esperta o suficiente para envolver Stewart na tomada de decisão final. Química é um ritual antiquado para testar se dois atores vão dar certo juntos nas telas, mas parece que Hardwicke estava brincando com explosivos no dia em que ela fez Pattinson, um jovem ator britânico, na época melhor conhecido por interpretar Cedric Diggory em Harry Potter e o Cálice de Fogo, aparecer na sua casa para passar por alguma cena com Stewart, no quarto. “Honestamente, eu estava nervosa,” a diretora se lembra. “Eu vi que eles estavam tão atraídos, e Kristen era menor de idade. Eu disse, ‘Rob, nós temos uma lei nesse país para menores de 18 anos. Não se meta em problemas aqui.’ Eu me senti na presença de algo forte e poderoso.” Quando Pattinson saiu, Kristen disse, “É ele.” Hardwicke ouviu mas queria ter certeza de que o carisma deles e conexão visceral se traduzissem para o filme. “Nem todo mundo faz isso nas telas para nossos corações e almas nas cenas de cinema,” diz a diretora, “mas eles fizeram isso. Foi eletrizante.”
Stewart é totalmente comprometida no set. Ela é aberta sobre as tensões criativas que se desenvolveram. “Eu e Rob tivemos muitos problemas,” ela me contou com um sorriso. “Nós não queríamos que fosse tão requintado. Catherine queria muito isso. Mas nós estávamos recebendo notas do estúdio. Eles me queriam sorrindo o tempo todo. Eles queriam que o Rob não fosse tão pensativo.” Uma bilheteria mundial que leva quase 400 milhões de dólares certamente provou que o público estava pronto para uma Bella não sorridente e um Edward pensativo. O fato de os fãs emocionalmente envolvidos terem levado os filmes tão pessoalmente só aumentaram os sentimentos de responsabilidade que Stewart já sentia pela sua personagem, ao ponto de que Bill Condon, o diretor dos dois últimos volumes, afetuosamente a chamasse de “Nazista dos livros de Twilight,” por causa do seu comprometimento em se manter fiel ao romance.
Assim como para algumas críticas feministas — de que Bella era uma heroína hereditária porque ela sacrifica muito pelo seu homem — Stewart discorda firmemente. “De fato, você tem alguém que é mais forte do que o cara com quem ela está, emocionalmente. Lute pela coisa que você ama — você é uma pessoa memorável se você fizer isso.” Seus comentários parecer particularmente pontudos agora que The Hunger Games veio e ultrapassou as arrecadações de qualquer um dos filmes de Crepúsculo com sua heroína, Katniss Everdeen, interpretada por Jennifer Lawrence. As pessoas podem dizer que as espadas serão abaixadas quando o grand finale de Crepúsculo de Bill Condon, Amanhecer – Parte 2, chegar aos cinemas no final do ano. Não me mate, mas eu vi. E não se preocupe — eu não vou soltar nada que os leitores dos romances já não saibam. Mas vamos só dizer que Simone de Beauvoir aprovaria.
Eu perguntei à Stewart quando ela percebeu completamente que Crepúsculo havia mudado a vida dela. “Você pode procurar meu nome no Google e uma das primeiras são imagens minhas sentada na frente da minha casa fumando um cachimbo com meu ex-namorado e meu cachorro. Foi tirada no dia em que o filme saiu. Eu não era ninguém. Eu era uma criança. Eu tinha acabado de fazer 18 anos. Nos tablóids no dia seguinte, estava como se eu fosse uma delinquente idiota e nojenta, ao invés disso, eu sou uma garota estranha e criativa do Valley que fuma maconha. Mas isso tudo mudou minha vida diária instantaneamente. Eu não saía mais com minhas roupas de baixo.”
Entre fazer sucessivos volumes de Crepúsculo, Stewart filmou alguns filmes normalmente menores. Um que deveria ter estado em uma guarda foi The Runaways, uma biografia da banda de rock só de garotas pioneira. Stewart (como Joan Jett) e Dakota Fanning (como Cherrie Currie) fizeram de tudo para trazer o filme à vida, mas no final a direção era óbvia e ele caiu por terra, carente de alguma diversão. (Jett e Sewart, por outro lado, se deram bem como uma casa em chamas, quando se conheceram durante as filmagens.)
Depois de cada um dessas produções independentes, seria a hora de Crepúsculo novamente. Ela diz em retrospecto que ela vê o set de Crepúsculo como o colegial que ela nunca frequentou. Como você deve saber, seu relacionamento fora das telas com Pattinson atraiu muita atenção, mas ela é publicamente muda à respeito disso. Que os dois são um casal não parece ser algo que eles queriam esconder; é só que eles gostam da sua privacidade. Um amigos que conhece Stewart muito bem diz, “Isso é algo que ela quer manter para si mesma.”
Stewart é definitivamente a atriz de um diretor:  ela os adora, e vice-versa. Condon vê Stewart como um tipo de guia. “Ela tem um sentido forte de criar um novo caminho. Ela tem aquela coisa que as pessoas descrevem com Jack Nicholson no início, aquele senso de perigo, e você sempre vai se surpreender,” ele diz. Rupert Sanders, o diretor de Stewart em A Branca de Neve e o Caçador, descreve o relacionamento da atriz com seu trabalho com uma metáfora de sobrevivência. “Ela é uma daquelas pessoas que tem o espírito criativo e existe por ter que colocar isso para fora,” ele explica. “Ela é meio que como um fio de cobre. Ela tem essa energia elétrica incrível e ela simplesmente tem que achar um chão para descarregar um pouco dessa energia. Ao contrário, ela pode explodir.”
No seu filme da Branca de Neve, Sanders ilumina as capacidades de Stewart como uma estrela de ação, e é engraçado vê-la usar sua fisicalidade natural. “Para mim Kristen está no seu melhor quando ela está no modo corpo-a-corpo,” diz Sanders. “A percepção dela é que ela é desajeitada,” diz Pattinson. “Mas é engraçado a conhecendo. É o oposto absoluto do que as pessoas pensam. Ela é insanamente confiante. E insanamente brava.”Sanders ainda arrepia quando se lembra de filmar uma cena que envolvia Stewart dando um salto de 20 pés em uma água suja em um tanque no Pinewood Studios, no dezembro congelante. “Sua performance antes de pular é sublime,” diz Sanders. “Você vê essa hesitação no seu estômago, onde ela deve estar pensando, eu não quero pular!” Depois que ela fez a cena, Sanders encontrou a atriz no trailer com roupas encharcadas tremendo em frente a uma pequeno aquecedor. Ele estava preocupado que ela tivesse uma hipotermia se ela fizesse de novo. Mas não havia nada que a parasse.
Um lado diferente dessa coragem é o que faz da performance de Stewart em On the Road tão memorável. Adaptar um livro amado, até sagrado é sempre ardiloso, mas quando o diretor Walter Salles decidiu aceitar o romance de 1957 de Kerouac, ele se colocou em uma difícil e incomum tarefa, porque o texto — sobre um grupo de jovens tentando escapar da conformidade da sua época — é tão cheio de espontaneidade com o ‘viver o momento’ que muito planejamento teria matado isso quando chegasse como um filme. Deste modo, Salles sentiu que ele precisava de atores que podiam improvisar e que entendessem verdadeiramente o que do que se tratava o livro de aventuras de Kerouac: a essência da experiência. Ele estava compartilhando isso com dois velhos amigos, o compositor Gustavo Santaolalla e o diretor Alejandro Gonzalez Inarritu, quando os dois disseram, Pare! Nem comece a procurar pelo papel da Marylou — a personagem de Cassady é em algum momento amante e companheira de viagem, uma mulher super inclinada a seguir seu próprio caminho. Os dois homens disseram a Salles que Stewart era a Marylou dele. Ele seguiu isso e descobriu que Stewart (que tinha uma cópia de On the Road no painel no seu primeiro carro, é mais o menos o quanto o livro significava para ela) era tão apaixonada e perceptível sobre a personagem que nem mesmo fez uma audição para o papel.
Stewart se certificou de que ela conhecesse bem suas coisas antes de começar a filmar, passando horas conversando com a filha de LuAnne Henderson, a primeira mulher de Neal Cassady e a contraparte da vida real de Marylou. Seu diretor chama Stewart de “uma ótima parceira de crime;” e a sua performance é viva com liberdade e sentidos de ‘beat.’ “O desejo de realmente viver uma vida de verdade parece para mim muito, muito forte nela.”
Alguns dias depois, nós almoçamos juntos em Paris. Eu assisti On the Road com Stewart em uma sala de exibição. Ela apareceu em uma camisa xadrez vermelha, jeans, a mesma jaqueta preta Balenciaga que ela vestiu no almoço e tênis; sua garota toda americana em uma viagem a Paris. O quanto ela ama esse filme, e está orgulhosa dele. Eu podia sentir Stewart retorcendo-se em seu assento e ouvir o seu “yeeoow” quando as coisas ficaram intensas na tela. Meu momento favorito foi durante a cena de sexo lindamente desembaraçada entre Marylou e Dean Moriarty de Garrett Hedlund. Eu poderia jurar que ouvi Stewart sussurrar “Pelo amor de Deus!” Sua publicista estava sentada entre nós e tinha atenciosamente trago alguns muffins franceses. Eu coloquei alguns na boca para cobrir meus soluços. Depois que a exibição tinha acabado, eu tive que correr, porque eu tinha um compromisso, então eu não pude ficar para discutir com Stewart. Eu estava quase contente, porque assistir o filme foi uma experiência tão intima — o que é, é claro, o poder do filme, mas ainda assim. Então, eu saí em um carro e ela seguiu seu caminho.
Partidas vieram a expressar Stewart para mim. Depois do almoço que tivemos no Le Duc, no início da semana, quando nós finalmente ficamos prontos para seguir em frente, Stewart olhou pela porta para algo e saiu do bar, onde eu notei um cara, claramente um segurança, com quem ela trocou algumas palavras. Stewart não disse nada para mim quando ela voltou para a mesa, mas estava ligeiramente corada, e havia um súbito cerramento da sua mandíbula. Eu olhei pela porta eu mesma. “Oh cara,” eu disse. Os paparazzis estavam a postos; parece que eles seguiram Stewart, que viajou em uma van preta discreta do seu hotel para o restaurante. Alguns minutos antes, ela falou sobre o enigma do tipo de fama com a qual ela tem vivido. “Não são os fãs que são assustadores,” ela disse. “Cada um deles é diferente. Mas grupos grandes assustam — não tem indivíduos alí. Parece como um enorme corpo de água, como uma onde que é mais forte que você. E é alto como água, é tao abrangente. Você teria que ser um sociopata para não ser penetrado pela energia humana que é tipo, cumulativa sendo arremessada em você por toda a direção.”
Nós decidimos tentar esperar as câmeras e continuar conversando, ainda que eu estivesse preocupada que aquilo significasse que nós acabaríamos passando bem mais tempo juntas do que tinha sido planejado no seu cronograma. Ela não se importou. “Eu não tenho nada para fazer,” ela disse. “Eu estava só sendo protegida pelas pessoas que fazem esse trabalho. Eu não vou fazer nada.” (Ela não é alguém que tenha a intenção de provar o quão querida ela é; os paparazzis fazem esse trabalho ela querendo ou não.) Horas depois, quando nós finalmente fizemos nossas respectivas saídas, os paparazzis ainda estavam esperando pelas suas fotos de 50 mil dólares (Faça disso 75 mil se eles conseguirem deixar ela brava ou 100 mil se conseguirem a foto prêmio: ela e Pattinson.) Eu voltei enquanto Stewart e seu guarda-costas saíam, com o grupo de fotógrafos na sua trilha. Eu a imaginei desejando estar em qualquer outro lugar, talvez saindo em uma caminhonete azul aberta, uma posse orgulhosa do pai da Bella em Crepúsculo, a qual ela comprou e dirigiu para casa, da locação em Portland, Oregon, para Los Angeles, quando as filmagens acabaram. “Mas,” como Kerouac escreveu, “não importa, essa estrada é vida.”


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