CAPÍTULO 3 – Quase na Toscana.
O aeroporto era um tanto longe do
hotel. Ou se não era, estava parecendo. Não sei há quantos minutos já estávamos
no táxi, mas o Cullen já tinha conseguido me irritar profundamente. Parecia que
ele queria se mostrar, porque ficava toda hora dando palpite no caminho do
motorista. Eu juro, eu não vou me controlar se ele falar mais alguma coisa. É
que agora eu decidi que eu vou tentar ser educada com esse sujeito, só pra não
estragar a viagem, na verdade, só pra não estragar a felicidade daquela
baixinha metida a cupida que só me mete em furada.
- Com licença, seu motorista –
falou Edward – mas por que o senhor pegou esse caminho?
Puta merda! Fica calma, Bellinha,
respira, conta até 10, mas não seja grosseira.
- Desculpe, senhor, mas esse é o
melhor caminho que temos a seguir. – O taxista falou novamente com sotaque
italiano forte, mas de um jeito que dava pra entender.
- Devo discordar. Tem a outra
avenida, que daria muito bem para chegar ao hotel e até mais rápido.
11, 12 , 13 , 14... TALVEZ SE
CONTAR ATÉ 100 AJUDE.
- Olha, senhor, eu sou taxista há
quinze anos, sei o que estou fazendo.
- É, e eu também. Provavelmente
enrolando a gente para a corrida sair mais cara!
PORRA, AGORA CHEGA! E NINGÚEM DIZ
QUE EU NÃO TENTEI!
- Caramba, Cullen! Será que você
pode parar de dar palpite no que o taxista está fazendo? Como ele disse, ele
sabe o que está fazendo!
- Eu já estive aqui antes, Swan,
sei muito bem que ele pode estar nos enrolando. Não esqueça que essa corrida
também vai sair do seu bolso.
- Será que você pode parar de só
ver o lado ruim nas pessoas? Ele está indo por outro caminho apenas, você já
pensou que o seu caminho pode estar engarrafado, ou qualquer coisa do gênero, e
o moço só quer nos ajudar?
- Talvez eu não veja só o lado
ruim das pessoas, talvez você que seja muito ingênua!
Eu ia já revidar o que o Cullen
falou, quando ouvi uma gargalhada vinda da frente do carro, e percebi que era o
taxista rindo, ao que parecia, da nossa cara.
- E o senhor, do que é que está
rindo? – Eu e o Cullen perguntamos ao mesmo tempo.
- É que eu sei como isso acaba.
O que ele quis dizer com “eu sei
como isso acaba”? Isso o quê?
- Não entendi. O que seria...
isso?
- Ora, vocês dois, se odiando.
Sei muito bem onde isso acaba. É o legítimo e clássico “os opostos que se
atraem”.
OH NÃO! DE NOVO ISSO? ESSA
HISTÓRIA DE OS OPOSTOS QUE SE ATRAEM? E NO MESMO DIA? SÓ PODE SER PERSEGUIÇÃO!
Será que a Alice pagou esse taxista pra falar isso? Ela bem que seria capaz...
- Senhor – falou Edward, que
parecia tão... espantado com as palavras do motorista, quanto eu estava – eu
agradeceria se você fizesse o seu trabalho, e não se intrometesse na nossa vida
particular.
Ele falou NOSSA vida particular? Eu
acho que entendi errado, é, com certeza. Acho que ele percebeu o que falou e o
sentido que poderia ter (e também o sorrisinho no canto da boca do taxista).
- Digo... na vida particular dos
seus clientes.
Depois disso resolvi ficar na
minha. Eu que não ia defender o taxista de novo... Quem manda ele ser
intrometido também.
Passaram-se cerca de 10 minutos,
e nós chegamos finalmente ao hotel. Ele era bem grande, e tinha um aspecto um
tanto luxuoso, o que é ótimo, porque isso deve significar uma comida deliciosa,
o que estou esperando ansiosamente, já que eu não como desde o lanche do avião.
O táxi me custou 15 euros.
Juntando o meu com o do Cullen, somava 30 euros e isso vale cerca de 60
dólares... É, talvez o taxista não era tão inocente assim... mas eu é que não
vou admitir em vida isso a ele!
Peguei minha bolsa, minha sacola
de compras do aeroporto e o Will. Saí do táxi, e foi quando tudo aconteceu. No
momento que botei os dois pés para fora do táxi e fui andar, o salto do meu
sapato ficou preso em um vão da calçada. E para não cair, tive que me apoiar
com tudo em cima do Cullen! Justo no Cullen! Sério, no taxista seria melhor. E
pra piorar, o salto saiu do sapato. Eu não podiaa simplesmente deixar o salto
ali. Juntei o que restou da minha dignidade e fui tirar o salto do vão da
calçada. Maldiçãaaaao! Está preso, porra! E não sai! Como que eu vou tirar esse
negócio daí?
Ouvi um bufo vindo do Cullen.
- Saia daí, Swan.
- Eu não vou deixar o salto no
meio da rua pra alguém tropeçar e cair!
- Eu não disse pra você fazer
isso.
Dito isso, ele se aproximou e fez
um gesto como se falasse “saia do meu caminho”. Meio a contragosto, eu saí. Até
parece que ele vai conseguir tirar o salto...
Merda, ele tirou. E o pior que
foi de uma vez. Ele caminhou na minha direção e entregou o salto. Eu corei
furiosamente nessa hora. O taxista que olhava tudo da calçada, entrou no taxi e
deu a partida. Eu, sem saber o que fazer, resolvi tirar os sapatos (porque não
dá pra andar só com um lado do salto) e ir pegar as minhas malas.
- Nem um obrigado, Swan?
–Debochou Edward.
-Obrigada – eu murmurei de
costas, mais sei que ele ouviu, porque EU ouvi o risinho que veio dele. É... lá
se foi o que restava da minha dignidade. É, valeu mesmo pela força J.C. (Esse é
o modo como eu me refiro ao meu velho amigo, Jesus Cristo, que devia cuidar de
mim, e não deixar que coisas como essa, aconteçam)!
Entrei no saguão do hotel.
Emmett, Alice e Jasper já se encontravam lá. Eles tinham saído uns minutos
antes do aeroporto, e provavelmente pegaram a outra avenida que o Cullen
mencionou. Taxistas italianos... não confie neles.
Emmett não se agüentou, e acabou
soltando uma gargalhada bem na minha cara, que foi seguida por Alice e logo depois pelo Edward. A risada
do Cullen era daquelas contagiantes, gostosa de ouvir. Deus, que estou
pensando? São um bando de filhos da mãe, isso sim!
- Chega de risadas... Isso é
normal de acontecer, já vi várias vezes nos filmes.
- Aham, vai nessa, Bella. Isso só
acontece com as imitações baratas de Manolo que você compra lá no centro de NY.
– Falou aquela peça rara que é o Emmett.
- Emmett, querido?
- Fudeu, Emmett, ela te chamou de
querido. – Falou Alice.
- Eu juro, querido, que se você disser mais umas dessas coisinhas, você vai
ficar sem o que você mais ama nesse seu corpinho.
- Meus músculos?
- Não, querido, aquela outra
coisinha.
Emmett pareceu entender ao que eu
estava me referindo e assustado botou as mãos sobre o seu “documento”.
- Não precisa ameaçar o Júlio
também, né. Bells?
- Júlio? – Falou Alice – Será que
vocês dão nome pra tudo?
Nessa hora, Jasper veio ao nosso
encontro. Ele estava nos registrando no hotel.
- Certo, como eu e Lice
convidamos, vamos pagar pela estádia de todos no hotel.
- Quê isso, Jasper – Falou o
Cullen, para a minha surpresa – Eu sou o padrinho, posso pagar a estádia.
- Acho que cada um pode pagar
pelo seu quarto.
- Eu insisto, Isabella. Vocês
podem ver como o meu presente, ok?
- Tem certeza, Ed? – perguntou
Alice.
- Claro, o que vocês iam gastar
na estádia, fiquem para o casamento, ou para a casa de vocês.
- Obrigada, Edward.- Falou Jass –
Você está sendo muito generoso.
Eu confesso que estava surpresa
com a atitude o Edward. Depois de todo aquele negócio com o táxi, e eu chamar
ele de muquirana...estava surgindo em mim uma pontinha de vergonha.... mas não
o suficiente para eu me desculpar.
- Certo. Aqui estão as chaves.
Botamos Edward e Emmett em um quarto, eu e a Alice em outro, e como a Bella é a
única mulher que restou, deixamos ela em um quarto sozinha.
- Acho que isso foi uma indireta,
Bells...
- Emmett, você já se esqueceu
do... hm, Júlio?
- Brincadeirinha, hehe.
- Edward, você vê algum problema
em dividir o quarto com o Emmett? É que como achávamos que íamos pagar,
queríamos economizar...
- Não tem problema, Jasper, é só
uma noite.
- Poxa... Ninguém pergunta o que
eu acho – reclamou O folgado, ou seja o Emmett – e se o Edward roncar? Ele ronca, Bells?
Ah... que vontade de dizer
sim....
- Não em aviões, pelo menos.
- Certo, são 21 horas agora. Que
tal nos encontramos as 22:00 no restaurante para um jantar italiano?
- Feito. – Emmett respondeu de
prontidão.
Fomos para os elevadores. Eu, o
Cullen e o Emmett ficamos no mesmo andar, o décimo quinto, e Lice e Jasper no
décimo oitavo, por isso pegamos elevadores diferentes. Só que a anta que é o
Emmett, resolveu que tinha que ir ao banheiro NAQUELE MOMENTO, sendo que não
deu tempo nem dele raciocinar que, no quarto, TEM banheiro.
Então, no elevador, restamos eu e
o Cullen, porque esse hotel tem o elevador de serviço, que é onde os
funcionários levam as malas no carrinho para os quartos.
Resolvi, hm, ser sociável com o
Cullen.
- Então... bonita a sua atitude
em relação a pagar a estádia.
- Isso é um elogio, Srta.
Isabella?
- Pare de me chamar de Srta.
Isabella.
- Bella é melhor?
- Hm... talvez, mas você pode me
chamar de Swan mesmo, eu prefiro.
- Certo. Sabe, Swan, eu apenas
fiz isso, pagar a estádia, porque o Jasper já está decidido, então acho que
esse é o melhor presente que eu poderia dar a ele, apesar de não concordar.
Franzi a testa. Do que o Cullen
estava falando? – A que você esta se referindo?
- Ao casamento.
Espera aí, ele é CONTRA o
casamento do próprio irmão? Mas como isso é possível? Alice e Jasper são
perfeitos juntos!
- VOCÊ É CONTRA O CASAMENTO DO
JASPER E DA ALICE?
- Ei, porque você ta gritando? Eu
sou sim, e daí?
- “E dai?”? Daí que você não pode
ser contra esse casamento! O Jasper é seu irmão, você tem que querer o melhor
pra ele!
-É exatamente por isso que eu sou
contra.
- Mas, é casamento, a maior prova
de amor, a união de duas pessoas, e Jass e Alice são muito felizes juntos, eles
se amam!
- Você sabe não, é, Swan? Que
amor é só uma reação do nosso cérebro, achamos que amamos por causa de uma
substância que ele produz quando estamos felizes ou sentimos prazer.
Eu estava boquiaberta. Eu sentia
alguma coisa pegando fogo dentro de mim, e era a raiva desse sujeito por falar
uma coisa tão... argh, eu nem sei o quê!
- ISSO É RIDICULO! Você está
dizendo que o Jasper e a Alice não se amam?
- Estou dizendo que ninguém ama
ninguém, é só ilusão.
- Olha aqui, senhor coração de
pedra, eu sei muito bem que você só é amargo desse jeito, porque te deixaram no
altar. Mas pra sua informação, você não é o único que já sofreu por amor. E só
porque a top model vadia que com quem você quase casou não te amava, não
significa que amor não existe. Meus avós foram casados por mais de cinqüenta
anos, e se eu tenho uma porra de uma certeza nessa vida é que eles se amavam!
Sério, agora eu arrasei, né? Eu
estava totalmente exaltada, vermelha e brava. O Cullen me olhava de um jeito
muito surpreso, não sei se porque eu explodi e falei tudo, ou porque eu chamei
a ex-noivinha dele de vadia.
- Quer dizer que você já sofreu
por amor?
A pergunta me pegou desprevenida,
eu não suportava falar nesse assunto.
- Não quis dizer necessariamente
eu, mas outras pessoas também, que sofreram e superaram. Então, supere você
também, e pare de falar merdas como “amor não existe”. Você tem muito o que
viver ainda. Tem o que, 23, 24 anos?
Nesse momento chegamos ao décimo
quinto andar. Nossos quartos eram separados por três outras portas. Me
encaminhei para o meu quarto, mas antes de entrar, resolvi deixar um aviso pro
Cullen:
- Só uma coisa, Cullen.
- O que ainda quer, Swan?
- É bom você não mexer um dedo
pra atrapalhar esse casamento, entendeu?
Ele sorriu de um jeito que
poderia derreter uma geleira, (mas nesse caso, eu só fiquei mais brava), e
antes de entrar no quarto, falou.
- 26, Swan.
- 26 o quê?
- Anos.
***
Eu estava no elevador, descendo
pro jantar, pontualmente as 22:00 horas. Por sorte eu não tinha esbarrado com o
Cullen no elevador, o que é ótimo, porque esse homem tem o poder de me irritar,
e me frustrar toda vez que eu o vejo. Eu estava começando a pensar que ele
afinal, poderia não ser tão ruim assim, mas aí ele vem com esse papo de “amor
não existe”! Tinha que ser um amargurado mesmo pra falar isso. Mas eu quero
ver, no dia em que ele se apaixonar por alguém que não seja uma vadia, e que ame
ele também. Eu sei, eu nunca achei o meu verdadeiro amor, pelo contrário, eu
tinha tudo para ser uma amargurada. Mas eu sei que esse caminho só leva pro
lado da solidão e da desilusão.
Aproveitei pra dar uma conferida
no visual no espelho do elevador. Hm, nada mal. Eu tinha tomado um banho e
lavado bem o cabelo pra tirar os restos mortais do maldito milk shake, fiz uma
pequena hidratação e passei a chapinha. Estava bem melhor agora. Botei um
vestidinho florido e campestre que ia até o joelho, e pra acompanhar uma linda
rasteirinha. Estava só com brilho labial e o lápis de olho, que era a minha
vaidade. Só o que não estava muito bem eram as minhas unhas... Eu tinha a praga
de roer elas.
Cheguei ao andar do restaurante, e logo
avistei todo o pessoal.
- Hey, gente – falei me sentando
na cadeira ao lado de Alice – Estou atrasada?
- Não, Bells, a gente que se
adiantou.
- Ok... Então, podemos pedir?
-Bella, é que o Emmett tava com
muita fome, e o Edward acabou fazendo os nossos pedidos, já que ele conhece tão
bem a culinária italiana.
Cullen, sempre se exibindo, não é
mesmo?
- Eu pedi pra você o mesmo que o
meu, Bells – Falou Alice – Você não fica chateada, não é mesmo?
Olhei diretamente para o Cullen –
É claro que não, Alice.
O nosso pedido chegou, e eu tinha
que admitir que pelo menos na hora de pedir a comida o Cullen sabia o que
fazer. O meu prato era um delicioso canellone de ricota, nhoc quatro queijos e
uma lasanha a bolonhesa. Saboreei o jantar com muito prazer, já que eu não
comia desde as três da tarde.
As conversas na mesa eram normais
e divertidas. Eu estava atenta ao Cullen todo o segundo, pois ao primeiro sinal
dessa história de ele ser contra o casamento eu iria intervir. Uma coisa era
ele falar pra mim essas cretinices, outras era ele falar pro Jasper e pra
Alice.
Acabou que o jantar foi bem
tranqüilo. O Cullen não tinha falado nada impróprio e dessa vez os noivos
fizeram questão de pagar a conta. Fomos todos no mesmo elevador (graças aos
céus) e combinamos de nos encontrar às 8 horas para no café da manhã e logo
depois partir para Florença. Não falei mais com o Cullen em particular desde o
“episódio no elevador”, mas podia perceber uns olhares dele de vez em quando na
minha direção.
Assim que entrei no quarto, só
fiz botar o meu confortável pijama de flanela e escovar os dentes, e me joguei
na cama.
Acordei no meio da noite por
causa de um sonho muito estranho. Era meio que um pesadelo, eu acho. Estávamos
no cartório à espera de Jasper para o casamento, quando o Cullen chegava
avisando que ele tinha ido embora e nunca mais voltaria. Quando eu ia tirar
satisfações com o Cullen, ele me jogava um enorme copo de milk shake na cabeça.
Não conseguiria dormir tão
rápido, então liguei a TV, que era a cabo. Resolvi procurar o único canal que
me acalma quando tenho pesadelos no meio da noite: Disney Channel. Estava
passando uma das minhas animações favoritas, Procurando Nemo. O filme era todo
em italiano, mas eu já tinha visto tantas vezes que sabia metade das falas
decoradas. Eu apesar dos meus 24 anos, sou uma enorme fã da Disney, desde que
eu era bem pequena. Deitei a cabeça no travesseiro, e vendo o filme, esperei o
sono vir.
***
O interfone tocou às 7 horas em
ponto. Eu havia pedido para o recepcionista interfonar, pois sei que eu não
conseguiria acordar tão cedo assim, depois de um dia cansativo como ontem e
ainda mais com a minha inesperada insônia. Vi quase todo o filme, e depois
dormir foi inevitável, mas agora pela manhã eu ainda tinha as imagens do meu
“pesadelo” bem claras.
Tomei uma ducha, pra tirar todo o
cansaço que ainda me restava, deixei o cabelo molhado para secar naturalmente,
e vesti uma jeans confortável acompanhada de uma camiseta preta e um bolero.
Botei o pouco que eu tinha tirado das malas de volta nelas, e interfonei,
pedindo para virem pegá-las.
Desci apenas com a minha bolsa de
mão e encontrei Alice no restaurante.
- Hey, Lice, onde está o resto do
pessoal?
- Ah, os rapazes vieram mais cedo
para tomar o café, fazer o check-out e ir pegar o carro que alugamos para ir a
Florença e ficar usando nessas duas semanas.
- Ah, claro. Espero que seja um
bem grande.
- Com certeza.
Eu acho que nunca tinha visto uma
mesa tão grande e com tantas comidas assim. Como eu tinha exagerado ontem no
jantar, resolvi pegar apenas um yogurt e umas torradas com um patê delicioso.
Hm... esse yogurt é tão bom....
Será que faz mal se eu pegar só mais um? Acabo de perguntar isso pra Lice, e
ela apenas ri, e diz que estamos de férias, que ela mesma vai pegar mais um pra
ela e traz outro pra mim.
Oh céus, ela trouxe uns dez
yoguttes, e está botando tudo na bolsa!
- Alice, que diabos você está
fazendo?
- Ué, Bells, vamos ter fome na
viagem, e afinal esse hotel é uma fortuna, não vai fazer mal se a gente levar
uns yogurtes.
- Alice, você só me faz passar por essas
coisas! E se alguém vê?
-Dane-se, eu não conheço ninguém
aqui.
Dito isso resolvi comer o meu
yogurte, enquanto a baixinha continuava socando os yogurtes naquela bolsa que
parecia não ter fundo.
Terminamos o café e quando
estávamos saindo do restaurante vimos um Emmett meio pálido chegar.
- Emmett, o que foi?
-É, você tá parecendo fantasma.
-Gente... É que tem um problema
que não estava previsto...
-Ai não, vocês não trouxeram o carro?
- Trouxemos...
- Ufa...
- Mas não o carro que a gente ia
usar.
- Como assim?? – eu e Alice
perguntamos na mesma hora.
Nesse momento entraram Jasper e
Edward, eles estavam vermelhos e pareciam estar atrás de alguém. Assim que nos
avistaram vieram correndo na nossa direção e o Emm rapidamente se escondeu
atrás de mim e Alice.
- Pode sair daí Emmett, como se
você pudesse se esconder atrás de duas garotas.
Nossa, o Cullen estava bravo
mesmo, mais do que na hora em que eu joguei a bebida estranha na cabeça dele.
- Ei, alguém explica o que está
acontecendo! – falou Alice.
-Ah, ele não falou? – Disse o
Jass – Então é por isso que vocês ainda não querem matar ele também.
- Que merda que o Emmett fez? –
eu falei, olhando feio pro frouxo que ainda estava atrás de mim e da Alice.
- Desembucha, Emmett!
- Deixa que eu falo! É o
seguinte, gente: um mês antes da viagem, essa anta foi me visitar no escritório
de marketing. Eu estava reservando o carro por e-mail, e estava muito atrasado
para uma reunião. Já tava tudo certo, eu preenchi tudo, mas como a internet
estava muito lenta, eu pedi pro Emmett enviar o e-mail. Era só esperar o botão
verde aparecer e clicar, que tava tudo certo. Só que essa anta, apertou no
botão errado e o e-mail acabou nunca sendo enviado!
- EMMET! EU JURO, EU TE MATO! EU
TENHO QUE CHEGAR EM FLORENÇA HOJE, PRA DAR TEMPO DE ORGANIZAR TUDO ATÉ SÁBADO!
O QUE VAMOS FAZER SEM UM CARRO?
Agora já tínhamos chamado a
atenção de muita gente. A sorte, é que se alguém soltar a boca suja ninguém vai
entender nada.
- Foi mal galera... É que eu me
distraí com umas paradas que tinham na mesa do Jasper, e acabei apertando o
outro botão, e tava tudo em italiano! Eu achei que tinha enviado...
- Jass, que vamos fazer? Não
podemos nos casar outro dia... O cartório de Florença é muito ocupado, eu não
posso marcar o casamento pra outra semana que vamos estar aqui, porque na vai
ter data!
Oh céus, Alice estava certa. O
casamento seria nesse sábado, e a semana seguinte seria uma pequena lua-de-mel
para eles... sem contar que não teria outra data, o tio de Alice demorou muito
para conseguir uma vaga.
- Mas, temos um carro – falou o
Cullen.
- Temos? – uma Alice espantada
que já estava a beira das lágrimas perguntou, com um pingo de esperança na voz.
-Sim, temos – disse Jass – o
gerente da firma que aluga os carros ficou com pena quando o Edward explicou
toda a história em italiano, e nos cedeu um carro. Só que ele é muito menor do
que esperávamos, e vamos levar muito tempo até Florença... devemos chegar só
pelo final da tarde...
- Podemos tentar encaixar as
coisas no carro – falou o Cullen – mas vai ser uma viagem complicada.
- O que você acha, amor? – falou
Jass
- Tínhamos que chegar hoje....
pra organizar tudo até sábado, fazer ajustes no meu vestido se precisar...
coisas do gênero. – Falou a Alice mais desanimada que eu já vi na vida.
- Nada nos garante que vamos
conseguir outro carro amanhã... talvez se esperarmos as coisas só se atrasem. –
Falou Jass – Mas, acho que a decisão cabe a vocês, pessoal, na verdade, só ao
Edward e a Bella, o Emmett perdeu todo o direito de opinar que ele tinha.
-É, vocês decidem. – Concordou
Alice.
A pergunta me parecia meio
estúpida. É CLARO que eu ia dizer sim! O casamento da minha melhor amiga não ia
ser impedido por uma estupidez do Emmett!
- É ÓBVIO que SIM, gente! – eu
falei.
- Edward...? – Perguntou Jasper.
Olhei para o Cullen, na verdade
encarei ele, como se falasse “você vai se arrepender se disser não”. Mas, quem
garante que ele ia ter medo de mim? O
jeito era tentar convencer ele pacificamente.
- Edward, eu poderia falar com
você, em particular?
Ele assentiu e me seguiu até um
canto afastado do restaurante, perto dos banheiros. Ele já ia falar alguma
coisa quando eu me adiantei.
- Deixa eu falar, por favor. Eu não vou dizer que entendo esse
seu conceito de “amor não existe”, porque eu não entendo. Mas, eu sei que você
só acredita nisso porque você foi ferido, ferido de verdade, e ao invés de
pensar que a sua namorada não prestava é mais fácil pensar que ninguém presta e
que amor é uma droga. Mas a gente tem bem aqui, duas pessoas jovens e felizes,
que esperaram a vida toda por esse dia, pelo seu casamento, e uma dessas
pessoas é o seu irmão. Então, abandone o seu conceito pelo menos nessas duas
semanas. Seja contra, mas seja contra internamente e aceite ir nesse carro, por favor.
- Eu não ia negar isso... talvez
as pessoas vivam iludidas, mas são felizes. E eu quero que o meu irmão seja
feliz.
- Isso é um sim?
- Eu nunca pensei em dizer não.
- Então... você só queria me ver
implorar?
- Na verdade, eu estava pensando
onde íamos por tantas malas, mais ver você falando por favor pra mim acabou
sendo bem satisfatório.
- Você definitivamente é o maior
sacana que eu já conheci.
Ele deu um sorrisinho de lado e
seguimos ao encontro do pessoal. Eles nos encaravam apreensivos.
- O que vocês estão fazendo
parados aí? Já são quase nove horas e temos uma longa viagem pela frente. – Ao
falar isso não pude conter o sorriso que se formou em meus lábios.
Alice soltou gritinhos de alegria
e me deu um abraço, e Jass foi agradecer ao Edward.
- Que bom, hein, gente? – falou A
anta – Tudo deu certo no final...
- Primeiro de tudo, nem vem com
essa história de deu tudo certo porque eu juro, Emmett, que se a gente só tiver
mais um lugar no carro e tivermos que decidir entre a mala e você, acredite,
VAI ser a mala!
Pegamos as malas que já nos
esperavam no saguão e saímos para a rua. Lá nos esperava um Citroen C3 amarelo
berrante.
- Foi o melhor que conseguimos. –
Falou Jass.
- Ok, gente, é difícil porque
temos 5 malas grandes e 2 pequenas... mas eu não acho totalmente impossível.
- Vamos tentar, então.
Jass abriu o porta-malas. Ele não
era muito grande, mas também não era tão pequeno.
- Certo – falou o Cullen – Vamos
por uma em cima da outra, deitadas.
Os rapazes começaram a botar as
malas. Colocaram a minha e da Alice uma em cima da outra do lado, a do Jasper e
do Edward uma em cima da outra, e havia sobrado um pequeno espaço onde cabia
uma mala pequena.
- E agora? – Falou Lice – Não da
pra levar essa mala grande lá dentro.
Eu olhei para o espaço que
restava...
- Podemos por a mala do Emmett de
lado e levamos as duas pequenas dentro do carro.
- Acho que vai dar certo. – Falou
o Cullen
Ele pegou a mala e com um pouco
de resistência ela entrou do espaço do lado das outras.
- Ei, Ed, toma cuidado aí com a
minha mala...
- Fica na tua, Emmett – Tratei
logo de cortar ele. – A gente só ta nesse perrengue por culpa sua, então não
reclama.
- Pronto, as 5 maiores entraram.
– Falou o Jass fechando o porta-malas. – Vamos organizar lá dentro agora.
- Eu dirijo – falou o Cullen – o
Emmett vai na frente comigo pra gente ganhar espaço, e atrás vai a Alice, o
Jasper e a Swan.
- Porque você decide tudo? –
perguntei indignada.
- Porque você reclama de
tudo? - ele respondeu.
- Bells, deixa de implicância, o
Ed sabe o que ta fazendo.
Bufei. Essa Alice é uma traíra mesmo... Em vez
de ficar do lado da melhor amiga fica puxando o saco do cunhado! Eu mereço.
Entramos no carro. Deixamos o
Emmett bem imprensado na frente pro Jass entrar e botar uma mala entre as
pernas. A Alice foi no meio, levando a outra mala, e eu ia atrás do motorista,
levando as nossas bolsas e notebooks.
- Aí, Jasper, não empurra tanto –
reclamou Emmett – o “bagulho” tá todo imprensado aqui
- Você tem sorte de ainda estar
com o “bagulho”.
Depois disso o Emmett resolveu
fechar o bico e o Cullen deu a partida no carro. A rádio era toda em italiana
então o Cullen resolveu por um CD que ele tinha tirado na mala antes de botar
ela no porta-malas.
Beatles, é isso que tem no CD dele! Eu sei, as pessoas, amam os
Beatles, acham eles isso e aquilo, que foram a maior banda que já existiram e
blábláblá. Mas eu sinceramente, não gosto de Beatles, na verdade, eu não
SUPORTO Beatles. Tem só uma única musica que eu realmente gosto deles, I To Want Hold Your Hand, (eu quero
segurar a sua mão). Foi com essa música que a minha mãe entrou na igreja (em
uma versão mais lenta), ela cantava toda noite no meu berço antes de eu dormir,
e nos domingos quando eu era pequena meu pai ligava o som e me chamava para
dançar, junto com a minha mãe e ele. Eu gosto dessa música, porque ela tem um
nome verdadeiro, que representa o começo e o final. No começo, quando gostamos
de uma pessoa, o primeiro passo a dar é segurar a mão dela, e no final, quando
queremos demonstrar o gesto mais simples de afeto, é só segurar a mão dessa
pessoa.
Não sei por que, não tomei gosto
pelo resto das canções deles, mas o que eu posso afirmar é que eu não queria
passar sei lá quantas horas dentro de um carro, esmagada feito uma sardinha em
lata, ouvindo Beatles.
- Temos mesmo que ouvir Beatles?
– perguntei.
- Problemas com isso, Swan?
-É que a Bella não curte muito
Beatles, Edward.
- Bom, é o único CD que eu
trouxe, ou você ouve Beatles ou rádio italiana.
- Ah não, radio não – falou
Emmett – esses italianos falam todos gritando e eu não entendo bulhufas do que
eles falam, deixa no CD mesmo, Bells.
- Mas...
- Eu também concordo – falou
Alice.
- Idem – disse Jasper.
Bufei de novo em menos de quinze
minutos. Bando de traíras.
Resolvi deixar minha bolsa e a de
Alice no pequeno vão que restava entre meus pés, e liguei Will, pra me distrair
um pouco e resolvi checar meus e-mails. Como eu já esperava, havia uma mensagem
de Rennée a minha espera.
Olá querida,
Sei que você deve estar dormindo nesse momento, mas não pude me conter
de ansiedade. Como está a Europa? Não vou aí há muito tempo, desde o
aniversário de 15 anos de casamento com o seu pai. Falando nele, ontem ele foi
ajeitar a antena parabólica na nossa calha, mas acabou caindo... seu pai não
aprende mesmo, acho que os ossos dele já criaram uma certa resistência, por que
ele não quebrou nada, só torceu o tornozelo. Espero que esteja se divertindo. E
o irmão do Jasper? É tudo o que a Alice me falou?
Não demore para responder, seu pai quer noticias rápidas porque está
“muito preocupado com a garotinha dele solta na Europa com esses sedutores
italianos” .
Beijos,
Mamãe.
Suspirei... Esses são os meus
pais. Eles são casados há 25 anos e são muito felizes. Charlie ainda trabalha,
mas menos do que antes. Ele é policial chefe, mas supervisiona o que os novatos
fazem, e pra preencher o espaço de tempo em que ele fica desocupado, sempre
arruma alguma coisa pra consertar em casa... Isso não significa que ele seja bom
nisso, porque ele SEMPRE acaba se machucando. Minha mãe é professora do Jardim
de Infância e faz artesanato nas horas vagas. Eles moram em NY, mas quando
Charlie se aposentar eles vão se mudar pra uma cidade do interior de
Washington, chamada Forks.
Resolvi responder logo o e-mail de Rennée:
“Oi mãe.
Não acredito que o papai caiu da calha... de novo. Ele está bem mesmo?
Roma é linda e a comida italiana é deliciosa. Quanto ao tal do irmão do Jasper,
não acredito que você e Alice estiveram conversando sobre ele pelas minhas
costas! Saiba que ele é um homem rude, que gosta de Beatles e diz coisas como
“amor não existe” e ainda derramou um enorme copo de milk shake na minha blusa
nova e no meu cabelo.
Diga para o papai que a garotinha dele cresceu e que sabe se cuidar.
Aliás, enquanto eu verificava a minha mala ontem encontrei um suspeito spray de
pimenta entre as minhas roupas. Será que o papai não deixou “cair” na minha
mala quando fui me despedir de vocês ontem?
Mando mais notícias em breve.
Beijos,
Bella.
Mal cliquei enviar, quando recebi
uma mensagem instantânea do MSN. Quem já estaria acordado tão cedo nos EUA?
Ah, não era uma mensagem dos EUA,
mas sim da Alice, que eu nem tinha visto, mas havia pegado seu IPhone.
Alice Hale diz:
Ah, vai Bells, o Ed não é rude.
Bella Swan diz:
Para de xeretar meus e-mails, isso é crime.
Alice Hale diz:
Deixa de se exagerada. Você liga o computador do meu lado e quer que eu
não veja? Até parece. Ei, porque você disse a Rennée que o Edward fala coisas
como “amor não existe”?
Bella Swan diz:
Porque ele fala.
Alice Hale diz:
E como você sabe? Ele te falou por acaso? Ele... disse que é contra meu
casamento?
Pensei antes de responder essa...
Nunca que eu ia falar a verdade.
Bella Swan diz:
Claro que não Lice... é que por tudo que aconteceu com ele, ele com
certeza fala essas coisas.
Alice Hale diz:
Hm... sei. Bom, não julgue um livro pela capa.
Bella Swan diz:
Sei muito bem de onde vêm essas palavras. Você anda passando muito
tempo com a minha mãe. Aliás, ela mencionou no e-mail que você ficou enchendo a
bola do Edward pra ela. Não acredito que você alimentou as esperanças da minha
mãe de eu desencalhar nessa viajem!
Alice Hale diz:
Não é assim também Bells. Eu só comentei que o Ed era lindo, rico, inteligente,
resumindo, um bom partido, ótimo partido na verdade.
Bella Swan diz:
Olha os modos, hein, Alice? Você vai casar daqui a seis dias e seu
noivo ta aí do seu lado. Falando nisso, muito cuidado com essas mensagens
porque eu não quero o Jasper lendo elas e contando pro Cullen. E em relação ao ótimo partido, eu não sei
nada disso não. Ele parece ser um daqueles caras que teve o coração partido e
agora parte o das outras mulheres.
Alice Hale diz:
Ei, relaxa, eu não troco o Jass por nada. Mas, sabe, o Edward não
consegue se abrir. Eu acho que ele precisa da mulher certa, porque foi
machucado demais.
Bella Swan diz:
Eu sei como é ser machucado, Alice, mas exatamente por saber como é, eu
escolhi seguir em frente. E não machucar outras pessoas, porque eu sei como
isso dói.
Alice Hale diz:
Desculpa Bells, não quis entrar nesse assunto.
Bella Swan diz:
Tudo bem, eu entrei também. Mas, podemos sair dele?
Alice Hale diz:
Claro. Mas, antes... será que você podia me matar uma curiosidade?
Bella Swan diz:
Desembucha, Alice, antes que eu me arrependa.
Alice Hale diz:
Você acha o Ed... atraente?
Ela perguntou aquilo, mas já
sabia o que eu ia responder, eu até podia ouvir as risadinhas dela comemorando
porque eu ia ter que falar alguma coisa boa do Cullen. Eu não podia negar, ele
era... MUITO atraente, era, hm, gostoso na verdade. Daqueles do tipo que a
gente vê e diz “ô lá em casa” ou pensa sem nenhuma fonte confiável “esse é bom
de cama”. Se meu pai soubesse que eu acabei de pensar isso...
Alice Hale diz:
Você está demorando muito para responder... Swan.
Bella Swan diz:
Fala sério, Alice. Eu não sou cega, também! Eu não sou fã do Edward,
mas também não posso dizer que ele é feio. É ÓBVIO que ele é atraente. E não me
chame de Swan.
Alice Hale diz:
Eu sabiaaaaaaaa que você achava isso! Só o Ed pode te chamar de Swan,
é?
Bella Swan diz:
Mas, ele perde todos os pontos por ser atraente a partir do momento que
jogou um milk shake na cabeça e amassou o meu Will. Primeiro de tudo, que Swan
não é um apelido fofinho de casal não. Foi apenas um jeito que ele encontrou
que não seja tão íntimo, mas nem tão formal pra me chamar, só isso.
Alice Hale diz:
Bella, o negocio do milk shake foi só um acidente. E do mesmo jeito, o
Ed é único que te chama assim.
Bella Swan diz:
PORQUE NÃO SOMOS ÍNTIMOS, ALICE!
Alice Hale diz:
Ok, deixa pra lá.
Bella Swan diz:
Você vai parar de tentar me jogar pra cima dele??
Alice Hale diz:
Hm...não, eu só quero falar do casamento, agora. Você acha que o seu
vestido de madrinha vai precisar de ajustes? É que se precisar, a governanta da
casa do meu tio também é costureira.
Bella Swan diz:
Eu provei semana passada, acho que não vai precisar se eu me controlar
um pouco com as refeições.
Alice Hale diz:
Ok, então.
Bella Swan diz:
Ei, a sua prima, já vai estar a nossa espera em Florença?
Alice Hale diz:
Ah, com certeza, a Rose adora casamentos. Ela é filha do irmão da minha
mãe, o dono da casa. Mas como o meu tio mora na Califórnia, ele só passa as
férias na casa. Já a Rose, quando se formou no colegial, veio fazer faculdade
de moda em Barcelona. Ela terminou ano passado e está até pensando em vir pra
NY. Você vai gostar dela.
Bella Swan diz:
Ah, com certeza.
Alice Hale diz:
A ultima vez que eu fui ao Rancho do meu tio eu devia ter uns 13 anos...
estou ansiosa pra ver de novo!
Bella Swan diz:
Hm... Alice, mudando de assunto... eu fiquei curiosa com uma coisa, os
pais do Jass são casados ainda?
Alice Hale diz:
Bem, mais ou menos. Eles vivem entre idas e vindas. Já se divorciaram
oficialmente, mas se arrependeram menos de um mês depois, casaram de novo e
fizeram um cruzeiro pelo Caribe. Eles com certeza não são um casal que caíram
na rotina. Mas, por que a pergunta?
Bella Swan diz:
Ah, por nada. É que com todo esse papo de casamento eu percebi que nunca
tinha perguntado sobre os pais do Jasper.
Alice Hale diz:
Aham... e isso não tem nada a ver com você estar curiosa sobre o
Edward, certo?
Bella Swan diz:
Chega, cansei do Cullen. Vou desligar o Will e tentar cochilar, porque
não vai ser fácil fazer isso ouvindo Beatles.
Alice Hale diz:
Isso,vai fugindo... Swan.
Fechei a janela da conversa, mas
não antes de ver a mensagem da Alice. Fugindo, só se for desse estabanado pra
não levar outro milk shake na cabeça.
Olhei o relógio. Me distraí com a conversa com a Alice e percebi que
tinha se passado uma hora. Agora já eram 10 horas. Mas, o tédio me consome,
vamos ter que ficar nesse carro ouvindo Beatles pelo menos até as 13:00, que é
quando a gente deve parar pra almoçar.
Edward PDV
A Swan parece que está morrendo
lá atrás, juro. Tudo porque ela não gosta de Beatles, de BEATLES. Pra mim, essa
é a maior banda de rock de todos os tempos e essa garota não gosta, na verdade,
eu acho que tudo que eu gosto, ela não gosta.
Ontem chegou a ser cômico a nossa
ceninha no elevador. A boca dela abriu em um perfeito O quando eu falei a minha
opinião sobre amor. Ela gritou e me passou aquela lição de moral. Eu
sinceramente, não ligo, como se ela fosse a primeira a me dizer “supere”. O que
me intrigou foi o jeito que ela falou, parecia que ela entendia o que eu
passei, mas quando eu perguntei se ela já tinha sofrido por amor, ela
desconversou. E ainda me ameaçou caso eu atrapalhasse o casamento do Jass. Eu
fiz a minha parte, alertei ele quando ainda dava tempo.
Mas, como eu disse pra Swan hoje
mais cedo, talvez seja melhor viver iludido, do que viver como eu vivo, pegando
uma por noite sem nem lembrar o que aconteceu na manhã seguinte. Muitos homens
se orgulhariam disso, mas eu não sou mais um colegial fazendo apostas com os
colegas pra ver quem fica com mais garotas, mas eu preferia ter uma pessoa que
eu amasse, e ME amasse. Infelizmente, eu já desisti isso há 3 anos, e acho que
sinceramente não vou conseguir “achar a mulher certa”, se é que isso existe no
meu caso.
Já estou dirigindo há mais de uma
hora, e tá todo mundo muito entediado. Eu só consigo ouvir o CD e os roncos do
Emmett. A anta perguntou ontem se eu roncava, mas é ELE que ronca. Só Deus sabe
o quanto foi difícil dormir ontem.
Olhei pra Swan pelo retrovisor.
Ela estava de olhos fechados e tentava dormir. Mas, a expressão dela era como
se ela estivesse... meio brava, acho. Ela parece ser daquelas românticas
incuráveis (apesar de eu desconfiar que ela já teve um motivo pra deixar de ser
assim), e parece fazer de tudo pelos amigos dela. Acho que ela é do tipo que
“não leva desaforo pra casa”, pelo que aconteceu ontem com o milk shake e tudo
mais.
Ela era uma mulher bonita. Tinha
cabelos castanhos e levemente ondulados, olhos da mesma cor que o cabelo, e um
bom corpo, eu era bem mais alto do que ela. Mas, porque diabos estou pensando
nessa garota que eu mal conheço? Deve ser porque apesar do pouco tempo que a
conheço, não foram poucos os nossos conflitos. Onde já se viu, armar barraco no
avião porque eu estava “amassando” o notebook dela, que ainda por cima se chama
Will! É mesmo muito... AI! ISSO DOEU! Alguma coisa tinha me acertado na cabeça
e eu parei o carro bruscamente. O Emmett acordou igual a uma criança de 5 anos, pedindo mais 5 minutos para descansar.
Olhei para trás furioso, atrás de quem tinha me jogado um cortador de unhas. A
Swan me olhava com cara de culpada.
- Eu juro – ela falou – dessa vez
eu não quis armar confusão! Eu só joguei o cortador pra ver se o Emmett
acordava. Não foi como eu planejei... mas acabou dando certo, ele acordou. –
ela sorriu amarelo.
- Poxa, Bells, porque você queria
me acertar? – Falou Emmett – Eu tô aqui na minha, tirando o meu cochilo, sem
incomodar ninguém.
- Aí que você se engana, Emmett –
Alice falou – Parece que você tem um urso na goela, de tão alto que está
roncando.
- Alice, não exagera, vai. –
Emmett falou.
- Antes ela estivesse exagerando
- falei.
- Poxa, Ed, até você?
- Nem vem com esse papo de Ed...
- Olha, Emmett, é o seguinte –
falou a Swan – você ronca muito alto e isso atrapalha todo mundo. Então eu
declaro pro seu bem, e pelo bem do cabeçudo do Cullen, que você está proibido
de dormir nesse carro.
- Há, agora eu sou cabeçudo?
- É óbvio, senão o cortador não
tinha acertado você!
- Você é que tem péssima
pontaria!
- CHEGA, VOCÊS DOIS! – gritou o
Emmett – Se eu não durmo, vocês também não brigam!
- Deixa, Emm – falou Alice – aqui
tá tão calminho... mais uma troca de farpas entre a Bella e o Ed até que ia
animar as coisas.
- Fica na tua, Alice – falou a
Swan, e a Alice se limitou a dar aquelas risadinhas dela. Eu bem vi as duas
trocando mensagens mais cedo... e também vi o olho grande do Jasper pra cima do
telefone da Alice. Não que eu seja chegado a fofoca... mas se elas tiverem
falado alguma coisa de mim, o Jass vai me contar.
Todo mundo calou a boca e estava
tudo silencioso de novo. Até que a nossa peça rara resolveu falar.
- EI, GENTE. Eu tive uma idéia!!
- O que foi dessa vez, Emmett? –
Falou Jass
- É que, tá tudo tão chato... e
essa já é a segunda rodada desse CD dos Beatles. Porque a gente não joga alguma
coisa?
A Alice que parecia ser a mestra
em animação, logo se interessou:
- Que jogo, Emm??
- Ah, o meu favorito quando eu
era criança: Abecedário.
Ouvi uma gargalhada vinda da
Swan.
- Qual é, Emmett – ela falou – não
temos mais 5 anos.
- Falou agora a mulher que curte Disney e gibis. –
Revidou Emmett.
A Swan corou, e murmurou um“ é
diferente”.
- Então, gente – continuou o
Emmett nessa palhaçada – quem tá dentro?
- Eu vou, eu vou! – falou Alice.
– Vamooos, Jass! Pooor favooor!
- Tudo bem, Lice, vou jogar.
Amor é uma droga mesmo, hein?
Como se eu não soubesse que o Jasper só vai jogar porque a Alice pediu.
- E vocês dois? – Falou o Jasper,
se referindo a mim e a Swan. – Vão também?
- Não conte comigo. – respondi.
- Com medo de perder, Cullen? –
Céus, porque essa garota adora me provocar?
- Não, só acho isso muito
infantil.
- Pois, eu acho que você tem medo
de perder pro pessoal.
- Pois, você está errada.
- Eu te desafio, então.
- Você me desafia, é? – respondi
– Pois bem, então eu te desafio também. Se você jogar, eu jogo.
- Estou dentro – falou ela.
- Então, eu também.
- Ótimo – comemorou Alice,
batendo palminhas – Eu sabia que essa implicância de vocês dois ia servir pra
alguma coisa.
- Então, deixa eu explicar o jogo.
– falou o Emmett – Como estamos em um carro, e o Edward tá dirigindo, vamos só
falar. Os 3 primeiros que falarem a palavra da categoria ganham 10 pontos. O
quarto ganha cinco e o ultimo não ganha nada. Vão ser 20 rodadas. Quem no final
de todas as rodadas tiver mais pontos, ganha.
***
Passamos um bom tempo jogando
abecedário. Tenho que admitir que eu não fazia isso desde que eu tinha uns 12
anos, e acabou sendo bem divertido... principalmente porque eu ganhei, hehe. Na
verdade, eu e a Swan empatamos e eu venci, quando ela não achou nenhum país com
Z. Eu lembrei de um país com nome muito estranho, chamado Zimbábue. Eu só
lembrei dele, porque uma vez eu tive um cliente que tinha descendência de lá, e
acabou me contando toda a história sobre a sua família. A Swan ficou brava, eu
percebi, mas disfarçou e respondeu “vai ter volta, Cullen”. Na hora eu ri, mas
eu não duvido nada que ela arme alguma coisa mesmo.
Já são 14:00 e a barriga do
Emmett já está roncando, mesmo.Ele
comeu uns 4 yogurtes que a Alice trouxe, de tão esfomeado que ele está. Acabei
de estacionar no restaurante de beira de estrada que a gente achou. Eu não
parei antes, porque não tinha NENHUM lugar que vendesse comida.
Bella PDV
AI, QUE FOOOME! Sério, eu já comi
dois yogurtes que a Alice trouxe, e só não comi mais pra não parecer mal
educada. A baixinha me viu devorar tudo com aquele olhar sábio do tipo “eu te
avisei”, o que no caso era verdade.
Finalmente achamos um restaurante
e o Cullen estacionou. O Emm saiu
correndo do carro, mais esfomeado do que eu, só ele mesmo. O Emmett também só
tem essas idéias. Onde já se viu, jogar abecedário, indo pra Florença. E onde
já se viu um país chamado Zimbábue. AFF! Mas o Cullen vai ver só. Vou arrumar
algum joguinho onde ele vai perder, e perder, pra mim.
Acabamos de entrar no
restaurante. Apesar de ser no meio da estrada, ele é bem arrumado por dentro e
tem uma aparência bem pitoresca. Espero que a comida seja boa. E dessa vez eu
vou pedir pra mim.
O garçom acabou de vir aqui na
mesa, e pelo que eu entendi o Cullen pediu o cardápio. Hm... tem tanta coisa
boa aqui. Vou optar por uma porção de Brusqueta de tomate seco e por um
Fetuccini com frango e legumes. Dane-se o vestido de madrinhas, eu posso
ajustar ele depois. Agora eu quero é comer!!!
Jasper logo entrou em um assunto
de futebol com Edward e Emmett e eu e Alice ficamos conversando sobre o
restante dos preparativos do casamento. Graças aos Céus a comida veio logo, e
depois só se ouvia o barulho dos talheres, porque todo mundo estava com muita
fome pra ocupar a boca com alguma coisa que não fosse a deliciosa comida.
Terminamos. O Cullen foi logo
falando que ia pagar.
- Eu faço questão de pagar a
minha parte – falei.
- Ótimo – ele respondeu – se você
é orgulhosa demais pra não aceitar nem que eu pague um almoço, pague a sua
parte, então. Eu que não vou insistir.
Cullen de uma figa!
- Não sou orgulhosa, só quero
dividir os gastos. – respondi.
-Mas, estou sendo gentil, e me
oferecendo pra pagar o almoço. É até falta de educação recusar.
- Ok, Cullen. Então...
- Podemos ir? – perguntou Jass.
- Ainda temos que pagar –
respondi.
- Não temos não - ele falou
mostrando a nota fiscal - Vocês ficaram tão entretidos na discussão, que nem
perceberam quando eu saí pra pagar o almoço.
- Mas, Jass...
- Deixa pra lá, Bells. Dá próxima
a gente divide. Agora, só vamos embora, porque eu não vejo a hora de chegarmos
a Florença.
Seguimos para fora do restaurante
e para minha surpresa, vi que o Jass que ia dirigir. A Alice deu um jeito de
ficar no meu antigo lugar, alegando mais espaço pra mala, agora que o Jasper ia
dirigir, e me deixou no meio, do lado do Cullen. Estávamos tão próximos que eu
sentia meu braço roçando no dele, apesar de tentar impedir isso. Quando o Jass
ia ligar a rádio eu falei:
- Deixa sem rádio dessa vez Jass.
Não quero ouvir rádio italiana, e muito menos, ouvir pela quarta vez o mesmo CD
dos Beatles. E eu não quero saber, se alguém for contra mim. – Falei olhando na
direção do Cullen. Ele se limitou a bufar, ainda bem. Resolvi que agora, era a
hora perfeita para o meu cochilo que foi tão adiado.
***
Acordei com dedos desconhecidos
me cutucando hesitantes. Abri os olhos. Ainda estávamos no carro, mas agora já
parecia ser umas seis da tarde. Reconheci aqueles dedos, como os do... Cullen?
Foi quando eu percebi que enquanto eu dormia, minha cabeça deve ter escorregado
para o ombro dele, e ter ficado lá durante todo esse tempo. Quando percebi
isso, quiquei no banco de tão assustada com a cena bizarra.
- Acordou, Bella Adormecida? –
perguntou Alice.
- Eu...
- Acabamos de entrar em Florença,
então pedi pro Ed te chamar, por mais que você estivesse uma graça dormindo no
ombro dele.
Fuzilei Alice com os olhos e me
virei para o Cullen. Ele parecia ter achado a cena tão bizarra quanto eu.
-A minha cabeça... - comecei
- É, escorregou. – ele terminou.
- Hm... foi mal por isso.
- Deixa pra lá.
Ele estava aparentemente
desconfortável com a cena, e eu idem. Então resolvi ficar na minha e observar a
paisagem pela janela da Alice. Claro que eu não perdi a oportunidade de
sussurrar um “você me paga, Alice Hale”. Florença, apesar de pequena, tinha
vários estabelecimentos, como restaurantes, lojas, farmácias, um hotel e até
mesmo um clube de dança latina. As praças eram todas muito bonitas, com flores
e fontes.
Passamos pelas lindas casinhas de
famílias, e cerca de quinze minutos depois comecei a avistar o que seria o Rancho
do tio de Alice. Ele era um pouquinho afastado da cidade, por ser uma
propriedade tão grande. E bota grande nisso. Agora que estávamos mais próximos,
eu podia ver a imensidão da casa, a piscina gigantesca, os estábulos com
animais, um lindo vinhedo e até mesmo uma quadra para esportes.
Na frente de tudo, tinha um
portão cercando toda a propriedade. Ele se abriu quando Jasper falou quem era
pelo aparelhinho de comunicação entre a casa e os visitantes. A voz, que eu
imaginava ser da governanta, falou alguma coisa que eu não entendi, porque
parecia que o inglês dela era muito ruim.
Jasper estacionou a poucos metros
da casa, e na frente dela, havia uma senhorinha baixinha, de olhos bem azuis e
gordinha, que quando chegamos na entrada
da casa, abriu os braços, e falou em um inglês muito ruim misturado com
italiano:
- Sejam bem-vindos ao Rancho de
Otávio Masen. – Ela sorriu – Alice, minha querida, é um prazer revê-la. – E
veio dar um abraço coletivo em todos nós.
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